quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O fotógrafo e a dançarina



Se conheceram por acaso num café em Paris, dividiram uma mesa durante o almoço, conversaram sobre amenidades , hobbys e gostos em comum.

O fotógrafo encantou a dançarina, e mostrou a ela um novo mundo. A convenceu de que, embora ela não fosse uma bailarina, era sim graciosa.

Ele a elogiou, a fotografou e fez da dançarina sua musa. E ela acreditou que, de fato, era musa.

Pelas lentes do fotógrafo, a dançarina era tudo o que sempre quis.

Ele revelou os filmes com cuidado, imprimiu as fotos com cuidado, mergulhou no fixador, enxaguou, pendurou e, num quarto escuro, transformou a dançarina em uma imagem real.

E por muitas outras vezes ele a fotografou: sob a luz do sol, sob holofotes, sob o luar entre a fumaça dos cigarros nas noites de boemia…

E a imagem da dançarina foi se tornando comum para o fotógrafo, apenas mais uma fotografia no papel, um quadro na parede amarelando com o tempo. E, entre objetos randômicos, um porta-retrato empoeirado sobre uma grande mesa de trabalho, uma dançarina imóvel entre vasinhos de plantas mortas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário