terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A vida é mesmo assim...

Estamos sempre tentando encontrar um culpado para as coisas, uma justificativa, uma prerrogativa, um motivo, uma causa, um por quê.

Que seja para as injustiças do mundo, para as coisas que deram errado, para nossos defeitos ou para qualquer outra coisa que simplesmente precise de uma explicação desse tipo.

Mesmo quando dizemos “a vida é assim mesmo”, o fazemos porque precisamos desesperadamente de uma explicação, e é essa a mais fácil. Ainda que verdade.

O fato é que a vida é MESMO assim, mas e daí?

Será que isso adianta alguma coisa? Ou serve apenas para atribuir lógica ao que não aceitamos a respeito dela?

Ah é… serve também como desculpa para as coisas que podemos mudar, as coisas que nós fizemos de errado, mas não temos coragem. Mas fazer o que né? A vida é assim mesmo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Anastásia

Uma plebeia, órfã, perdida numa grande cidade fria.

Ainda muito nova, e por ser nova, confunde a falta de experiência com fragilidade, e por ser nova é difícil acreditar que já tenha passado por tudo o que passou. Ela é forte, talvez ainda nem saiba o quanto.

Traz em si todos os talentos que eu gostaria de ter . A invejo e admiro por isso, e ainda sim, nota apenas os que não tem.

Ela é tudo o que quero ser quando crescer, ela é menina, é menino, é homem, é delicada, é agressiva, é complexa, escreve, pinta, dança como se ninguém estivesse olhando, toca e pensa. Ela é GRANDE!

Se veste de gratidão e amor para receber seus amigos, os recebe em seu coração que é maior do que um cômodo inteiro, e ali os ama.

E assim, vestida com seu manto de amor e gratidão, já não é mais plebeia, é nobre. Grande, grata e nobre como uma espécie de Anastásia Romanov dos desajustados.

Minha Anastásia dos desajustados.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O fotógrafo e a dançarina



Se conheceram por acaso num café em Paris, dividiram uma mesa durante o almoço, conversaram sobre amenidades , hobbys e gostos em comum.

O fotógrafo encantou a dançarina, e mostrou a ela um novo mundo. A convenceu de que, embora ela não fosse uma bailarina, era sim graciosa.

Ele a elogiou, a fotografou e fez da dançarina sua musa. E ela acreditou que, de fato, era musa.

Pelas lentes do fotógrafo, a dançarina era tudo o que sempre quis.

Ele revelou os filmes com cuidado, imprimiu as fotos com cuidado, mergulhou no fixador, enxaguou, pendurou e, num quarto escuro, transformou a dançarina em uma imagem real.

E por muitas outras vezes ele a fotografou: sob a luz do sol, sob holofotes, sob o luar entre a fumaça dos cigarros nas noites de boemia…

E a imagem da dançarina foi se tornando comum para o fotógrafo, apenas mais uma fotografia no papel, um quadro na parede amarelando com o tempo. E, entre objetos randômicos, um porta-retrato empoeirado sobre uma grande mesa de trabalho, uma dançarina imóvel entre vasinhos de plantas mortas.