quinta-feira, 21 de março de 2013

Rouco

Não sei amar metade.

Não sei me preservar.

Divido meu tempo, mas não divido meu pensamento e nem meu coração.
E guardo minha dor no bolso quando você precisa de mim.
E tiro meu sorriso do caminho para que você passe com a sua dor.

Minha entrega é tudo o que posso te oferecer de mais puro, verdadeiro e intenso meu amor.

Pegue, aceite, sou sua.

Só peço que não faça disso pouco
e que não deixe meu amor rouco.

sexta-feira, 8 de março de 2013

08/03

Oito de março, dia internacional da mulher.

“Dia internacional da mulher uma ova! Ter um dia especial para as mulheres só impede a igualdade” Poderiam dizer as feministas mais radicais, ou “Não dê uma flor, dê respeito”. Eu particularmente quero os dois, a flor e o respeito.

Acho importante a data, mas mais do que homenagear as mulheres em geral, há de se comemorar este dia lembrando-se do seu significado, da luta das mulheres pelos seus direitos, pelas suas conquistas, por poder mostrar a sua força. Há de se lembrar das 130 tecelãs que foram queimadas vivas em 8 de março de 1857, numa quase inquisição pós-moderna apenas porque exigiam melhores condições de trabalho e igualdade de salários, há de se lembrar das mulheres que queimaram seus sutiãs pela liberdade sexual e há de se lembrar de todas a pioneiras que conquistaram tanto por nós.

Não acredito na igualdade extrema entre os sexos, que algumas buscam. Acho uma idéia totalmente equivocada, pra não dizer uma babaquice. Não somos sequer fisiologicamente iguais aos homens, já fomos feitas diferentes.

Mulheres são mais sentimentais, mais sensíveis, capazes de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Mulheres retêm mais líquido, são mais detalhistas, têm o olfato mais apurado.
Mulheres sofrem com alterações hormonais e sofrem com os cabelos também.
Mulheres são mais resistentes à dor do que os homens.
Mulheres são mais delicadas, mas jamais, frágeis. Mulheres são fortes.

E é exatamente por não sermos iguais aos homens e mesmo assim provarmos diariamente que somos perfeitamente capazes das mesmas coisas é que merecemos que esse dia seja lembrado internacionalmente.

Parabéns a nós mulheres! Parabéns às pioneiras, às vanguardistas, às rebeldes, às musas, às mães, às filhas, às tias, às avós, às madrinhas, às amigas, às donas de casa, às artistas...

Parabéns e muito obrigada.

Siceramente,
Joana

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A vida é mesmo assim...

Estamos sempre tentando encontrar um culpado para as coisas, uma justificativa, uma prerrogativa, um motivo, uma causa, um por quê.

Que seja para as injustiças do mundo, para as coisas que deram errado, para nossos defeitos ou para qualquer outra coisa que simplesmente precise de uma explicação desse tipo.

Mesmo quando dizemos “a vida é assim mesmo”, o fazemos porque precisamos desesperadamente de uma explicação, e é essa a mais fácil. Ainda que verdade.

O fato é que a vida é MESMO assim, mas e daí?

Será que isso adianta alguma coisa? Ou serve apenas para atribuir lógica ao que não aceitamos a respeito dela?

Ah é… serve também como desculpa para as coisas que podemos mudar, as coisas que nós fizemos de errado, mas não temos coragem. Mas fazer o que né? A vida é assim mesmo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Anastásia

Uma plebeia, órfã, perdida numa grande cidade fria.

Ainda muito nova, e por ser nova, confunde a falta de experiência com fragilidade, e por ser nova é difícil acreditar que já tenha passado por tudo o que passou. Ela é forte, talvez ainda nem saiba o quanto.

Traz em si todos os talentos que eu gostaria de ter . A invejo e admiro por isso, e ainda sim, nota apenas os que não tem.

Ela é tudo o que quero ser quando crescer, ela é menina, é menino, é homem, é delicada, é agressiva, é complexa, escreve, pinta, dança como se ninguém estivesse olhando, toca e pensa. Ela é GRANDE!

Se veste de gratidão e amor para receber seus amigos, os recebe em seu coração que é maior do que um cômodo inteiro, e ali os ama.

E assim, vestida com seu manto de amor e gratidão, já não é mais plebeia, é nobre. Grande, grata e nobre como uma espécie de Anastásia Romanov dos desajustados.

Minha Anastásia dos desajustados.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O fotógrafo e a dançarina



Se conheceram por acaso num café em Paris, dividiram uma mesa durante o almoço, conversaram sobre amenidades , hobbys e gostos em comum.

O fotógrafo encantou a dançarina, e mostrou a ela um novo mundo. A convenceu de que, embora ela não fosse uma bailarina, era sim graciosa.

Ele a elogiou, a fotografou e fez da dançarina sua musa. E ela acreditou que, de fato, era musa.

Pelas lentes do fotógrafo, a dançarina era tudo o que sempre quis.

Ele revelou os filmes com cuidado, imprimiu as fotos com cuidado, mergulhou no fixador, enxaguou, pendurou e, num quarto escuro, transformou a dançarina em uma imagem real.

E por muitas outras vezes ele a fotografou: sob a luz do sol, sob holofotes, sob o luar entre a fumaça dos cigarros nas noites de boemia…

E a imagem da dançarina foi se tornando comum para o fotógrafo, apenas mais uma fotografia no papel, um quadro na parede amarelando com o tempo. E, entre objetos randômicos, um porta-retrato empoeirado sobre uma grande mesa de trabalho, uma dançarina imóvel entre vasinhos de plantas mortas.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Joana Macabéia


(Trouxe esse texto do meu antigo blog Parafuso&Prego)



“Eu gosto de parafuso e prego e o senhor?” é com essa frase que Macabéia dá inicio ao seu romance com Olímpico no livro “A hora da Estrela” (Clarice Linspector) e é com ela que eu decidi batizar e começar esse blog, não porque eu me ache comparável a Clarice Linspector (de maneira alguma), mas porque exerce a mesma função que eu espero que esse blog exerça.

Simples, com essa frasezinha sem muito sentido a personagem Macabéia deixa transparecer toda a sua essência, sua intelectualidade rasa e sua inocência. Com uma frase Clarice nos descreve realmente quem é a tal retirante.

Uma frase transmitindo toda uma essência, para quem quer coisas mais complicadas, essa frase, assim como o livro, é um tratado existencialista (segundo as premissas de Sartre). Para quem quer coisas mais simples, é isso: a nossa essência está nas frases mais insignificantes que saem das nossas bocas (ou dedos).

E é isso que eu espero com esse blog, mostrar, e descobrir, um pouco de quem eu sou. Não através dos meus textos (afinal, eu vou editá-los de maneira a transmitir a impressão que eu quiser) ou de textos de outros autores que por ventura venham parar aqui, mas através de frasezinhas que escaparem acidentalmente, sem que eu perceba, sem que eu controle e que, sem que eu queira, me mostrem. É isso, espero que gostem.